segunda-feira, 17 de fevereiro de 2014

Metodologias de observação de imagens: o método sociológico

Os teóricos da história social da arte afirmam que as formas de arte não são apenas formas da consciência de cada um mas também expressões de uma visão do mundo, sendo esta condicionada num determinada época e meio social.

O representante máximo da teoria social da arte é o húngaro Arnold Hauser, o autor do tomo “História Social da Arte e da Literatura”, um trabalho académico que levou quase 30 anos de investigação. Hauser afirmava: "cada artista honesto que descreve a realidade fielmente e sinceramente tem influência esclarecedora e emancipadora no seu tempo."

Para ele, a arte mantinha uma relação muito íntima com o quotidiano e com a realidade social, isto é, tinha que ser dirigida de uma forma clara e direta para objetivos sociais e podia até servir de arma de propagação de ideias, uma espécie de alavanca de ideologias.

Ele ia ainda mais longe, sugerindo que a arte não refletia apenas mas interagia com a própria sociedade. As suas posições mais extremistas para a época, fizeram que fosse “arrumado” e acusado de pertencer a uma esquerda revolucionária, já que esta ideologia não deveria surgir nos estudos académicos.

No entanto, nunca baixou os braços, e apesar de hoje já estar um bocado esquecido (principalmente desde da queda do Muro de Berlim), fez um trabalho gigantesco no campo da história social da arte, tendo dedicado praticamente uma vida inteira a este estudo, resultando em quatro livros fundamentais sobre a arte.

A análise sociológica da arte, esta deveria ter pelo menos, três objetivos:

Primeiro: devia-se localizar a obra a ser estudada no seu contexto histórico original, através da descoberta de factos referentes à data de produção, à origem da obra, à identificação do artista, e à escola ou movimento a que pertencia.

Segundo: devia-se identificar as convenções e as tradições presentes na obra, os padrões que a técnica demonstrava e os temas que o artista abordava.

Terceiro: tentava-se perceber o nível de aceitação que a obra tinha na sociedade, a sua importância artística, enfim, o seu lugar na época e meio social em que surgiu.


No entanto, e como ele próprio referiu no seu livro “Teorias da Arte”, “só a mera averiguação dos factos não é história da arte.” E conclui, citando o músico Antonin Dvorak, que dizia que “a história começa apenas quando temos um inventário ordenado das obras existentes”. 

Sem comentários:

Enviar um comentário